A fertilidade da cena digital

Sempre digo que o mundo digital é muito fértil. Ele faz aflorar personagens que se auto-intitulam especialistas dessa arena online. E para isso, vão criando neologismos, termos bonitos, powerpoints que brilham no escuro, palestras com microfoninho a lá Madonna afixado no bochecha. Se alguém chegar na sua frente, bater no peito e dizer que é um especialista do mundo digital, olhe no fundo do olho dele, dê um passo à trás e desconfie. Para mim, isso ainda não existe. Estamos todos no mesmo barco em um complexo processo de aprendizagem mútua de como entender as lógicas e engrenagens desses novos espaços comunicacionais online. Nessa arena online, devemos dar cada passo de forma minuciosa. Tudo é muito novo, difuso e hesitante. Analisar esses novos fenômenos do mundo digital, destilarmos nossa opinião e cair em argumentos simplistas é uma armadilha fácil. Por isso devemos nos preparar, estudar, pesquisar de verdade, para tentarmos ter algum tipo de lucidez em interpretar essa nova cena digital. Temos hoje grandes pensadores que entregam a vida no entendimento da cibercultura, então por que não segurar na mão desses caras e analisar esses novos fenômenos à luz deles? cito aqui alguns deles apenas: Erick Felinto, Henry Jenkins, Gisela Castro, Beatriz Polivanov, Nestor Canclini, André Lemos, Pierre Levy. Tudo gente graúda! e que me ajudam muito. Jogue o nomes deles no Google, YouTube, and have some fun.

Geração Y, Millenials, Geração X, Z, W, Humanóides, etc, etc são algum dos termos que são criados despudoradamente e tenho lido de uns anos pra cá. Eu não gosto desses termos. E tem gente que segura um estandarte com esses edulcorados termos e que fazem vender livros, palestras, etc. Os e-book então pupulam por nossas timelines. Outro dia, me dei ao trabalho de baixar um deles. Para minha surpresa, era “vendido” como livro, mas quando baixei se tratava de um powerpoint safado com cerca de 30 slides, e que vendiam como “e-Book”. Por exemplo, prega-se que essas novas gerações são novos seres, que são multi-tarefa, multi-isso, multi-aquilo. Oras, se dessem um iPad na mão, quando eramos criancinhas, será que também não sairmos dominando o touch-screen de forma íntima? Eu creio que sim. Na nossa época nossos brinquedos eram outros. Eu tenho 36 anos e quando era criança não existia o tal iPad. Meus brinquedos eram pipas, piões, bola, etc. Eletronicamente falando, nem um reles “Pense Bem” eu tive. Mas ganhei um Colossus do meu pai aos 10 anos de idade. E esse mulekada hoje tem iPad, iPhones, aplicativos pedagógicos, Discovery Kids ligado o dia inteiro. Eles são muito mais estimulados do que nós fomos na nossa longingua infância e por isso, adquirem uma capacidade sensório-motora mais polida que a nossa. Simples assim.

A dica de ouro é: watch out! Muito cuidado com o que se lê, não se impressione com mini-CVs gigantescos e cheio de termos bacanas. O mundo digital é um ecossistema cheio de falsos profetas, charlatões cibernéticos, produtores ininterruptos de vídeos em HD, futorologistas que fariam inveja na Mãe Dinah (RIP).

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